segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O DIA SEGUINTE...

27 de agosto de 2007, final da novela das 20:00h, noite chuvosa... Me preparo para assistir “O dia depois de amanhã”, que à princípio estava sendo para mim mero passatempo de segunda-feira... Friozinho, coberta , pipoca, coca-cola e Tela-Quente !
Quanto ao filme, à princípio, apenas mais um dos milhares de “Filmes Catástrofe” produzidos por Hollywood aos baldes desde os anos 70 como “Inferno na Torre”, “Aeroporto”, “Terremoto” e similares. Mas no caso específico de “O dia depois de amanhã” um alerta finalmente verdadeiro e ao qual passamos nossos dias convivendo com ele, participando de certa forma dele (de forma negativa) e simplesmente não fazendo absolutamente nada ! Ignorando o principal e grande alerta do filme ! A destruição aceleradíssima de nosso meio-ambiente e suas graves consequências ! Incrível como projeções que fazíamos há alguns poucos anos para quase um século adiante podem aproximar-se tão mais rápido do que imaginamos ! Incrível (e triste) ter a certeza de que temos esta consciência dentro de nós, e na nossa arrogante e insuportável “superioridade” enquanto “humanos” simplesmente desprezamos a força e por que não dizer crueldade da Mãe Natureza quando ela resolve mostrar quem realmente manda por aqui... Precisamos começar a fazer algo a respeito desse assunto, e logo !
É lógico que, em se tratando de Hollywood, uma pitada de drama onde um pai ausente tenta resgatar, não só a vida de seu filho, mas também os anos que perdeu de convivência com ele dedicando-se demasiadamente ao trabalho não poderia faltar... Mas por incrível que pareça, até nisso o filme resolveu me atingir naquele dia, pois, não como um pai ausente, porém um pai que mora longe também por conta do trabalho, vivo distante de meus filhos geograficamente falando, e a “porrada” que todos levamos do filme pelo lado ecológico veio à mim em forma dupla, atingindo-me também no lado emocional...
Engraçado... neste momento deve estar parecendo à todos que estas duas histórias que parecem correr paralelamente durante o filme não tem nenhuma conexão ! Que são apenas duas histórias separadas convivendo num mesmo ambiente de caos !
NÃO ! As duas histórias estão visceralmente interligadas, pois apesar da nossa primeira principal criadora ter sido a Natureza, quem é responsável por ela, por seu equilíbrio e pela manutenção de sua integridade somos nós ! Nós somos o ”pai ausente” retratado no filme ! E no verdadeiro filme de nossas vidas quando num ato quase que de abandono, não cuidamos de nosso meio-ambiente, estamos afastando de nós o bom convívio e os bons momentos que podemos desfrutar em nossa medíocre existência, com uma diferença abissal no que diz respeito aos filhos abandonados ! Pais ausentes que deixam de lado a convivência e bons momentos com seus filhos tem como “troco” apenas a rebeldia e em algumas outras vezes a indiferença... Com a Natureza não ! Quando a abandonamos sua “rebeldia” vem em forma de fúria, e sua indiferença passa a ser com relação à nossa existência... E o”troco” final... A extinção !
Por tudo isso, por conhecermos tão pouco o que somos, de onde viemos e principalmente para onde vamos depois disso aqui, resolvi dividir com vocês dois textos para leitura e reflexão ! Um do Greenpeace e outro de minha autoria, escrito há pouco mais de 11 anos mas que de várias formas está completamente inserido dentro de tudo isso que acabo de lhes escrever.


“Quando a última árvore tiver caído,Quando o último rio tiver secado,Quando o último peixe for pescado,Vocês vão entender que dinheiro não se come!”

Greenpeace



Cobaias
Sergio Botelho

Todo o dia que passa
Me passa de novo o sentimento,
Não sei se sou apenas momento,
Ou se vivo realmente aquilo que penso que sou...

Ser ou não ser,
Existir ou inexistir,
Vivemos realmente tudo o que temos,
Ou somos apenas “Cobaias de Deus” ???

Nos agrada a utópica idéia
De uma sociedade pós morte,
Com leis, regras e castigos,
Será que estamos aqui apenas por pura sorte ?

Seria Deus, a Natureza, o Acaso,
Ou seja lá o nome que quiser ser dado...
Força ou criatura tão cruel
A ponto de dar-nos todo o sabor da vida
Para depois , para o eterno, num só golpe ser tirado ?

Por vezes me sinto como um rato branco,
Num laboratório multicolorido,
Onde visões, tatos , sentimentos me são oferecidos
Para algum fim que não sei...

Medo ? Pânico ? Pavor ?
Por que ?
Me expliquem ...
Por favor ...

Outras vezes tento entender,
Por que sentir, por que viver...
Tantos odores, gostos, prazeres...
Dores, anseios, quereres...
Quando sei que na última hora...
Tudo isso ... Vai embora...

E a pior parte de toda essa história,
É que nesse momento, da natureza, a glória ? !
O que mais irá me afligir,
É exatamente a perda de tudo
Que a própria criadora me proporcionou...

Criador destrói criatura !
Não ... Não pode ser tão simples assim...
Nada é em vão , tudo tem seu sim...
E seu não...

Cada semente que brota,
Cada gota que cai,
Cada flor que desabrocha,
Cada nuvem que vai...

Ó Deus,
Dai-me força e equilíbrio,
Para que, na minha vã ignorância
Ou simples impotência ,
Consiga aceitar , sem questionar
O maravilhoso, ou quem sabe...
Terrível...
Milagre da vida !


Sergio Botelho

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